Recente notícia veiculada no site
da Exame (http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/mpf-denuncia-socio-do-verdemar-por-trabalho-escravo)
relata denúncia do MPF de São Paulo contra sócio da rede de supermercados Verdemar e mais três pessoas por crimes de redução de trabalhadores a
condições análogas a de escravo e aliciamento de trabalhadores.
De acordo com o processo, há um ano, o Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) fiscalizou alojamentos compartilhados pelas duas
empresas e encontrou 40 empregados da Construtora Línea (que é responsável por
obras no supermercado) e 13 empregados do Verde Mar em condições degradantes de
trabalho.
"Os alojamentos estavam em péssimas condições de
conservação, higiene e limpeza. Não havia lavatório e mictório nas instalações
sanitárias, nem era fornecida água potável aos trabalhadores", disse o
MPF, em nota. Também não eram fornecidas camas adequadas, nem lençol,
travesseiros e cobertores.
Os empregados eram aliciados em Sergipe e trazidos para
Minas Gerais para trabalhar na rede de supermercados tida com uma butique
gourmet em Belo Horizonte.
Na minha opinião esse é um caso típico de um traço do
capitalismo que se beneficia do desenvolvimento desigual, das assimetrias das
condições sociais entre as economias dos estados federados, e da preservação da
exploração dos regimes laborais de baixo custo. Essa situação aumenta a
distância social entre incluídos e excluídos, característica da globalização.
A cada dia que passa podemos perceber que uma aproximação da
forma de dominação do império do capital exercida pela China. Na busca de
lucros exorbitantes, pois o lucro justo não sacia a ganância do empreendedor,
os empresários aniquilam a dignidade dos seus “colaboradores” (outra forma de
dominar a mente dos pobres empregados, pois passa a falsa imagem de inclusão), reduzindo-os
a condições análogas de escravo.
Nunca imaginamos que tudo isso está ocorrendo do nosso lado.
Posso apostar que ao ler esse texto, algum de nós irá pensar se nos últimos
dias financiou a prática do Verde Mar, com a compra de um vinho ou alimento
gourmet. Quem nunca comprou algo nesse rede de Supermercado? Todos nós somos
parte desse sistema brutal e aniquilador, e só percebemos isso quando esse tipo
de reportagem nos bate à porta.
Mais um motivo para repensarmos nossas ideologias e crenças
sobre o sistema socioeconômico que vivenciamos.